Abafa Berro

Eu não finjo, não mordo, não sou ativista, não tenho ideologia, não meto os pés nas mãos, não tenho porções mágicas. Tenho um berro abafado para quem tiver ouvidos mudos.

8/15/2006

Ácidez necessária.

Eu entendi muito bem quando ele me disse que há mais razão num beijo do que a gente imagina.
Entendi pelo motivo racional e simples de que o beijo dele parecia fruta ácida,aquelas com um sabor divino, que faz o lábio tremer após o saboreio.
Compreender as palavras dele, na sua voraz decisão de que o amor é pleno, de que o corpo é alma, é envolver-me no seu pensamento para sempre, estar presa nas idéias do seu homem de hoje,do homem hoje carnal, amanhã passional, que tem as frases prontas na ponta da língua.

Eu olhei pra boca dele,(pensei bastante) e disse:
-Fica calado e me beija.

8/08/2006

Sobre alma e sonho

Cada sonho espancado
na alma é um risco.

Eu pretendo ser inteira
até o último ofício,
e caber na luz de todas as manhãs,
todos os dias renascida.

E ser nova,
ser óbvia,
ser aquilo que meu sonho me tornar.

8/06/2006

Procura-se a Humanidade no meio do nada.

Procurar o sexto elemento, sem antes ter o poder essencial do uno.
Ter aquilo que penetra e não reparte, consome e não dispersa.
É a procura viva da alma viva,
Plena no sentindo fantástico-absurdo-fabuloso,
De ser alma e corpo, líquido e carne,
Longe do carvão que risca a linha dos dias.

O verdadeiro negro possui luz intensa no obscuro,
Sem a ilusão da chama ardente a se expandir.
Eu possuo o sentir visceral dessa procura,
Em tudo que prende a minha fala, molda meus gestos,
De todo o humano-mundano presente em mim.

Toda humanidade ao nada é o mesmo que engolir o próprio sangue,
Estar no próprio corpo, sem saber que o é.
É praticar insanamente o viver erudito,
Inundo de falsos princípios,
De terras vivas e molhadas pra prender suas pegadas.
E submersa no meio de todo esse ar,
Perco-me na procura do que é humano e não está em mim.

8/02/2006

Noite passada minha.



Continuo dando os passos ao sereno da noite
E ainda imóvel trepudiam em mim
Construções e constelações de sua face negra,
Movendo meu tempo de olhar pro céu,
Mandando cometas para o meu pensamento.

Ela agora caminha em meu lugar,
Mas com o número de meus sapatos,
Fazendo o pisar cravar na névoa de sonhos
E desconstruir a montanha de meus segredos.


Vai noite serena,
É tua a minha estrada,
Eixo fixo do meu nada,
Se há mistério, desvenda.